sábado, 23 de março de 2013

On 16:49 by Rogério Tobias



A SÍNDROME DA POEIRA 
ROGÉRIO TOBIAS
Publicação: 10/03/2013 04:00
Ao passar por uma esquina, pude ver que o posto de gasolina que ali existia estava todo coberto por lonas e havia uma faixa dizendo que aquele ponto comercial havia encerrado as suas atividades e agradeciam aos clientes pelo tempo de relacionamento.  É fácil notar que aquele ponto de venda é um dos melhores do bairro e que o segmento de negócio também é de ótimo potencial.
Fiquei me perguntando por que havia fechado. Foi nesse momento que me lembrei da “síndrome da poeira”, um sintoma que acomete muitas empresas e que costuma ser notada somente depois de muito tempo, e por isso, pode não dar tempo ao empresário de perceber, o processo de decrepitude em que se deixou entrar.
A poeira pode ser comparada ao processo de desleixo, de abandono, de falta de inovação e de esquecimento a que a organização se deixar entrar em relação ao seu relacionamento junto ao mercado. A poeira vai se acumulando. Chega um momento em que se forma uma crosta nos cantos, nas paredes, nos balcões, na vitrina e pior, nos produtos, e chega até a mente dos vendedores.
Faço muitas visitas em pontos de vendas como cliente oculto. Uma das coisas que observo primeiro, literalmente, é a poeira existente nos produtos e nas prateleiras. Isso pode ser um sintoma inicial da síndrome da poeira. Observo a reposição de estoque. Solicito cores, tamanho, marcas, embalagens diferentes e muitas vezes esses produtos não estão disponíveis. Pode ser outro sintoma da síndrome.
Analiso o nível de motivação dos profissionais de atendimento e vendas. Muitos se mostram frios, mecanizados ou até mal educados em seus atendimentos. Costume ver a poeira estampada em seus ombros. Eu avalio os mesmos pontos de vendas por meses seguidos e por todo esse tempo noto os displays exatamente nos mesmos lugares com poucos produtos ou vazios. Alguns supermercados têm o fundo da loja abandonados, com produtos jogados, caixas esparramadas e lâmpadas queimadas. Não a nada de novo durante o tempo de análise.
Restaurantes, drogarias, lojas de ferramentas, postos de gasolina, e por incrível que pareça, lojas de decoração, sem nada que possa chamar a atenção de clientes e levá-los a entrar e incentivá-los a comprar algo naquela hora ou depois.
Os clientes não gostam de ambientes cinzentos. Aos poucos vão evitando atendimentos medianos. Ao entrarem em um posto de gasolina esperam por um serviço rápido, completo se assim o desejarem. Eles querem limpeza, correção e conforto no processo de cobrança e educação por parte do frentista. Para não ser vítima da síndrome da poeira tudo deve começar com o proprietário da empresa. Ele deve manter sua mente aberta e ativa, sempre em busca de inovações em sua organização.
Cuidados são como as vacinas. Devem ser tomadas sempre ações e adequações de merchandising, tais como, cuidar da iluminação, das vitrinas, da reposição de produtos, melhorarem o ambiente para os clientes; ter promoções de vendas constantes, capazes de atrair as pessoas para dentro do ponto de vendas, manterem funcionários motivados, uniformizados e limpos e são apenas algumas iniciativas que podem eliminar a poeira e evitar a síndrome grave. Sempre falo com os meus clientes de consultoria que não é difícil ficar “vacinado” é uma questão de mente armada e ação diária.
Quando eu vi aquele posto de gasolina fechado, com as lonas por cima, veio-me em mente, que talvez ele tenha sido tomado pela síndrome da poeira e não souberam procurar o antídoto. Creio que se o posto pudesse falar ele diria: “lave-me”, limpe-me, torne-me interessante, faça-me chamar a atenção, faça promoções, não me deixes ser mais um na multidão. “Não me abandones...”.
Espero que em breve renasça ali um novo negócio, assim como brota uma semente em terra boa, e que desta vez ela seja bem cuidada.